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Etnográfica Press
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O Centro de Estudos de Antropologia Social (CEAS) do I.S.C.T.E. (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa) promoveu entre 1988 e 1989 um Seminário em que participaram antropólogos que, desenvolvendo a sua actividade de investigação e docência em Portugal, neste país têm realizado o seu trabalho de campo ou, de alguma forma, nele se situa o objecto de suas pesquisas. Desta referenciação precisa a um território e a uma língua claramente individualizados surgiu a designação geral de «Terrenos Portugueses», título deste Seminário. Com ele se procurou criar um espaço de encontro e conhecimento de trabalhos actualmente em curso de que, muitas vezes, só se tem notícia depois dos seus resultados serem publicados. Mas foi também nossa intenção propor com ele condições para a discussão de perspectivas teóricas e metodológicas que se prendem tanto com as estratégias individuais de pesquisa como com a diversidade dos objectos e questões abordadas.
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"De que falamos quando falamos de corpo?" foi a pergunta feita aos participantes neste volume colectivo. O tema do corpo e da incorporação é dos mais actuais e polémicos nas ciências sociais e nas sociedades contemporâneas. Tratar-se-á apenas de uma moda temática? Ou é causa e efeito de novas formas de olhar a sociedade? Tratar-se-á de uma questão própria dos centros internacionais de produção do saber, bastando-nos importar a produção feita em seu torno? Ou as gerações recentes de antropólogos portugueses têm um contributo a dar? Estas foram as questões colocadas aos autores, a quem se pediu que revissem os seus materiais de pesquisa à luz dos temas do corpo e da incorporação. O resultado foi uma afirmação de pragmatismo, em que ganha sentido a complementaridade entre perspectivas centradas na estrutura social, nas classificações simbólicas e nas práticas agenciadas.
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Castelos a Bombordo" inclui alguns dos textos produzidos no âmbito dos projectos de investigação financiados pela FCT "Castelos a Bombordo: Práticas de monumentalização do passado e discursos de cooperação cultural entre Portugal e os países árabes e islâmicos" e "Castelos a Bombordo II. Práticas e Retóricas da Monumentalização do Passado Português, Cooperação Cultural e Turismo em contextos africanos". Esses projectos de investigação centraram-se primeiro nas rotas que ligam historicamente Portugal a alguns países árabes e islâmicos, balizadas por práticas de cooperação patrimoniais contemporâneas (Marrocos, Mauritânia) e alargaram-se, depois, a outros países africanos (Senegal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique) investindo na análise de memórias, nostalgias e outros recursos patrimoniais, e às implicações dos regimes do turismo que a estes, muitas vezes, estão associados.Os seus objectivos incluíam também a desmontagem da retórica subjacente aos programas de cooperação contemporâneos e sua lógica de monumentalização, a decomposição estratigráfica do seu acervo constituinte e o acompanhamento dos discursos e práticas identitárias locais paralelos. À escala local, aquela que acabou por se privilegiar, o objetivo foi o de entender a gestão quotidiana dos novos regimes do património e do turismo e o modo como ela é determinada por - e afeta - conformações culturais e normas e categorizações sociais locais prévias.
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A folclorização é um fenómeno cultural da modernidade. Operando com as noções de folclorismo e de folclorização, a presente obra pretende equacionar os parâmetros de um processo que conduziu à mobilização e integração das populações rurais na nação. Este efeito integrador estender-se-ia também à diáspora lusa. Uma perspectiva múltipla presidiu à organização do volume: abordar o folclore como cultura expressiva, avaliar o seu papel na sociedade e apresentar elementos para facultar uma visão comparada. Os capítulos tratam os seguintes tópicos: políticas da cultura, eventos, constituição de patrimónios, associativismo, representação da tradição, protagonistas, artefactualidade, lugares, turismo e diáspora. A amplitude das abordagens adoptadas nos artigos resulta da filiação disciplinar variada dos seus autores: antropologia, etnomusicologia, história, musicologia histórica, perfomance studies e sociologia.
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Olhar as cidades e a vida urbana numa perspectiva etnográfica constitui o desafio deste livro. Compreender as cidades de dentro, de baixo, a partir de urna relação próxima entre quem vê e quem é observado permite ir ao encontro do que de mais incerto e surpreendente as cidades nos têm para oferecer polícias, associações, culturas juvenis, práticas de lazer, territorios psicotrópicos, identidades étnicas, práticas habitacionais... Etnografias Urbanas reúne um conjunto de comunicaóes, comentários e reflexões, de cariz interdisciplinar, realizadas no encontro Cidade e Diversidade: Perspectivas de Desenvolvimento em Antropologia Urbana que, em Setembro de 2001, reuniu cerca de vinte investigadores de várias "gerações" e pertengas disciplinares.
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Decorreu nos dias 27, 28 e 29 de Junho de 1996, na vila de Portel, o colóquio intitulado Artes da Fala e subordinado ao tema da oralidade a sul do rio Tejo numa perspectiva antropológica. Organizado pela Câmara Municipal de Portel e pelo Centro de Tradições Populares Portuguesas (Universidade de Lisboa), tendo o professor Manuel Viegas Guerreiro assegurado a respectiva coordenação científica. A realização do evento traduz a congregação de esforços entre uma unidade científica e uma entidade autárquica para que durante as jornadas referidas se criasse um ambiente de estímulos mútuos. Durante as sessões do Colóquio de Portel foram debatidas questões relacionadas com a abordagem da oralidade no Sul de Portugal. Este tema tem um significado duplo. Se, por um lado, fornece matéria para a construção de memória, por outro, caracteriza realidades presentes. Distinguir estas questões implicou interrogar a noção de cultura popular. Ao fazê-lo, somos obrigados a desfazer dicotomias no nosso modo de pensar.
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Wealth and power characterize elites, yet despite the strong cultural influences they exert, their study remains underdeveloped. Partly because of complications resulting from access, scholars have tended to focus on groups affected by elite governance rather than on elites themselves. It is often overlooked that, in order to continue through time, elites have to empower new members. Choice has to be exercised over who achieves leadership, both by reference to the elite group itself and to the wider group over which it holds power. This book fills a gap in the current literature by providing the first rigorous interrogation of the choice and succession strategies of elites in various cultural contexts - from the transmission and preservation of financial power in urban contexts to the complex relation between subjectivity and the transmission of leadership positions in places as varied as the United States, Northern Italy and Lisbon. Various elite succession types are discussed, from self-avowedly 'traditional' leaders to the aristocracy, where choice is practically non-existent, to situations where leaders are elected from amongst a group of peers. The relationship between familial property and choice of successor in landholding families, small business enterprises, and peasant communities is also examined, as are ethnic monopolies.
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O profícuo legado documental, bibliográfico e fotográfico de Jill Dias (1944-2008) foi doado pela família à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que delegou no CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia, a sua gestão. O CRIA empenhou-se na sua inventariação, catalogação e divulgação com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, que subsidiou o projeto Jill Rosemary Dias: acervo documental, bibliográfico e fotográfico com vista à concretização desses objetivos. No âmbito desse projeto foram publicados os livros Cadernos de Jill Dias: Inventário de um Arquivo / The Jill Dias Notebooks: Archive Inventory (Lisboa, CRIA, 2011), que inventaria o seu fundo documental depositado no CRIA, e As Lições de Jill Dias: Antropologia, História, África, Academia / The Jill Dias Lessons: Anthropology, History, Africa, Academy (Lisboa, CRIA, 2013), que reúne os contributos de uma homenagem de colegas e estudantes com o mesmo título realizada na Fundação Calouste Gulbenkian (2012), que também patrocinou as atividades e publicações.
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O processo de construção deste livro demonstrou que as relações entre arte e antropologia não se limitam às subáreas já convencionais da antropologia visual e da antropologia da arte. Nesse sentido, podemos compreender tanto a antropologia como a arte enquanto mais do que um e, porém, menos do que dois. Ou seja, a arte e a antropologia possuem relações intrínsecas que as constituem enquanto disciplinas com fronteiras inconstantes e estas relações podem produzir outras conexões que originam afluxos distintos. É nesse sentido que os capítulos aqui apresentados não são relações entre uma antropologia e uma arte, mas construções de conexões entre múltiplas partes e possibilidades. Modos de Fazer, Modos de Ser, organizado por Teresa Fradique e Rodrigo Lacerd, compila um conjunto de textos de diversos autores que, na sua diversidade epistemológica, permitem dar a ver que as conexões parciais entre antropologia e arte são uma arena reflexiva e sensível a que devemos estar atentos e que devemos ativamente potencializar para encontrarmos e atualizarmos outros mundos possíveis.